Filme "Maria Montessori", vale a pena assistir?
- Vanusa Reis
- 30 de set. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 30 de set. de 2024
O texto a seguir contém spoilers sobre a produção cinematográfica da vida da pedagoga e médica italiana

A cinebiografia de Maria Tecla Artemisia Montessori (1870-1952), interpretada por Paola Cortellesi, é considerada um tesouro da Sétima Arte italiana. Teve seu lançamento mundial em 28 de maio de 2007, ano em que se completou 55 anos da morte de Montessori, e ganhou todos os prêmios dirigidos ao cinema italiano meses após o seu lançamento.
O cinema italiano valoriza e esbanja sensibilidade em suas produções, principalmente quando retrata seus conterrâneos e com a primeira mulher a exercer a medicina no país, não poderia ser diferente!
Roteiro, figurino, atuações, fotografia, etc. são pontos fortes da cinebiografia "Maria Montessori: uma vida dedicada às crianças".
A vida de Montessori no Cinema

A película se inicia com o primeiro dia de aula de Montessori na Faculdade de Roma, no ano de 1893. Junto à personagem "adentramos" o espaço acadêmico e percebemos claramente os olhares preconceituosos da sociedade italiana da época. A cada degrau que Cortellesi ultrapassa para se posicionar à entrada da faculdade, gera expectativas de como se deu a graduação da jovem italiana e as dificuldades que ela enfrentou.
Entre os anos 1893 e 1896, docentes ficaram inquietos, a sociedade italiana e colegas de sala acharam um absurdo uma dama cursar medicina.
"Como pode ter tamanha ousadia uma mulher? Que ofensa aos homens da época!", pensaram de Montessori
Os valores e as crenças da personagem estão explícitos nos primeiros cinco minutos do longa. Não há espaço para dúvidas em relação à determinação e intenção de Montessori: mudar a sociedade em que estava inserida, e se possível todo o mundo!
Para a sociedade da época, crianças que apresentavam algum tipo de deficiência intelectual eram descartáveis; não deveria o governo, com outras prioridades, investir em tais seres humanos. Nessas crianças com deficiência, Montessori enxergou o futuro da Itália.
Ela aprendeu e nos ensina que a criança de hoje será o adulto bem-sucedido de amanhã, se tiver em sua educação e formação os recursos necessários e principalmente se puder desenvolver a criatividade na sala de aula e no seio familiar.
O filme traz a história de como a pedagoga e médica aplicou suas ideias por meio do Método Montessori com as crianças desprezadas pelo governo italiano.
Em sua inquietação, ela entendeu que o sistema educacional italiano, de sua época, estava falido. No exame nacional (semelhante ao ENEM que temos no Brasil), as crianças “anormais”, ensinadas por Montessori, foram aprovadas unanimemente; enquanto as demais, que eram normais aos olhos da sociedade, não conseguiram um bom resultado.
A superação das decepções

A vida de Montessori não foi mar de rosas. Quando julgou ter encontrado o grande amor de sua vida pessoal no Dr. Giuseppe Montesano, interpretado pelo ator Massimo Poggio, percebeu que existe pessoas que menospreza o sentimento alheio.
Mas a médica e pedagoga italiana era decidida em suas ações:
A imposição da época, dizia que a mulher jamais poderia ser médica, isso não foi capaz de impedi-la de prosseguir.
Criou o método Montessori que trabalha a educação e o aprendizado de forma que a criança pense de maneira livre.
Fugiu de um regime fascista que fechou as suas escolas em toda a Itália.
Testemunhou Hitler impedir seu método de continuar a existir na Alemanha Nazista e por lá também viu suas escolas serem fechadas durante a II Guerra Mundial.
Perdeu sua privacidade por ser antifascistas e foi punida por Benito Mussolini.
Enxergou nos olhos de amigos a decepção por estar tão à frente de seu tempo, porém jamais poderia deixar de acreditar na simplicidade de seus alunos.
Maria Montessori foi filha, médica, psiquiatra, mãe, pedagoga e humana em tudo que tocou. Oitenta e um anos bem vividos e um legado não apenas deixado a Mario Montessori (1898 - 1982), seu filho, mas a todos os pedagogos e a todo ser humano que acredita não apenas em um amanhã melhor, mas no melhor que pode ser dado hoje, nas mudanças do presente e no respeito que se teve ter para com todas as crianças.
Do continente em forma de bota para o mundo, das telas do cinema para a vida de cada um, em particular, àqueles que acreditam piamente na força do bem, ainda mais quando esse bem está voltado aos pequenos.
O bem que Montessori semeou no mundo é evidenciado na cena final do filme!
Filme disponível no YouTube, clique no ícone abaixo e assista na íntegra:
Desejo um excelente filme!
Vanusa Reis, da Redação
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