Maria Montessori: a pedagoga por excelência
- Vanusa Reis
- 10 de jul. de 2024
- 4 min de leitura
Atualizado: 15 de out. de 2024
Há mais de 100 anos, o método elaborado por Montessori transforma a vida de pais e filhos pelo mundo

Maria Tecla Artemisia Montessori nasceu em 1870, em Chiaravalle, na Itália. Cresceu em um lar cristão e conservador, e percebeu ainda jovem que todas as crianças, inclusive aquelas que apresentavam alguma doença que comprometia o intelecto, poderiam aprender a se comunicar e a conviver em sociedade por meio de um método que fosse adequado para atender às necessidades dos pequenos.
Desafiou a sociedade da época
O desejo dos pais de Montessori era que a jovem italiana se fosse professora, profissão bem-vista e destinada às mulheres da época. Ela, porém, decidiu enfrentar o conservadorismo em que estava inserida e se tornou a terceira mulher a cursar medicina, com especialização em psiquiatria, e a primeira a exercer o ofício, na Itália.
Entre os anos de 1893 e 1896, inquietou docentes, colegas de sala e todos que tinham conhecimento de que uma mulher cursava medicina na Universidade de Roma.
Os valores, as crenças e a persistência da jovem italiana chamaram a atenção de seus colegas e do professor Giuseppe Montesano, que se tornou seu interesse amoroso e com quem teve seu único filho, Mario Montessori (1898-1982).
Lutou pelas crianças
Durante o estágio em medicina, atendeu inúmeras crianças que haviam sido diagnosticadas com vários tipos e graus de doenças mentais e muitas sequer apresentavam sintomas que indicavam algum transtorno psiquiátrico. Não consentiu em ver os pequenos serem maltratados e os defendeu, pois a vida de cada criança para Montessori era útil, independente se tinham ou não algum comprometimento intelectual.
A partir dessa experiência no estágio, decidiu ajudar as crianças a terem um futuro melhor. Após finalizar a faculdade de medicina, cursou pedagogia e criou o método Montessori.
Por meio desse método, a comunicação humanizada de Montessori com os excluídos do sistema educacional italiano se evidenciou. Ela entendeu que cada criança tinha seu ritmo, dificuldades próprias a superar, e que o tempo de aprendizado de cada aluno devia ser respeitado e jamais tolhido.
Criatividade e liberdade para aprender

“É necessário que o professor oriente a criança sem que esta sinta muito a sua presença, de modo que possa estar sempre pronto para prestar a assistência necessária, mas nunca sendo um obstáculo entre a criança e a sua experiência.” - Maria Montessori
Montessori defendeu em seu método que as crianças deveriam ser livres para aprender e que a criatividade dos pequenos precisava de espaço adequado para existir e amadurecer. Na visão da pedagoga, ao aplicar aos pequenos atividades com dificuldades que aumentam o grau conforme o tempo, elas serão estimuladas a aprenderem cada vez mais. Cada um aprende no seu próprio ritmo e, para Montessori, a interferência em excesso dos professores e adultos atrapalhavam o desenvolvimento dos estudantes na infância.
A criança de hoje será o adulto de amanhã
Para o governo italiano da época, era perda de tempo investir em crianças que apresentavam doenças mentais, mas nessas almas puras que nasceram ou contraíram alguma deficiência, Montessori enxergou o futuro da Itália.
A médica e pedagoga Itáliana, aprendeu e nos ensina que a criança de hoje será o adulto bem-sucedido de amanhã. Ser for amada em sua infância, tende a tornar-se um adulto mais seguro e saudável mentalmente.
Montessori aplicou suas ideias por meio do Método Montessori nas crianças que teve a oportunidade de educar. Em sua inquietação, entendeu que o sistema educacional italiano, da época, estava falido. No exame nacional (semelhante ao ENEM do Brasil) as crianças “anormais” ensinadas pela jovem médica e pedagoga, foram todas aprovadas; enquanto as demais que não apresentavam nenhum diagnóstico de doenças mentais, não conseguiram um bom resultado.
A "Bela Acadêmica"
A beleza física de Montessori lhe rendeu o apelido: a Bela Acadêmica. Mulher que em nenhuma de suas palestras necessitava de anotações, por educação e costume da época, sempre levava um bloquinho, e as folhas estavam sempre em branco. Sua intelectualidade e memória impecáveis, permitia-lhe palestrar com o que estava em sua mente apenas. Suas palestras tinham tom motivacional, pois acreditava que tido era possível. Todos que tiveram a oportunidade de estar com Montessori saíam diferentes ao ouvir seus discursos sábios, serenos e, ao mesmo tempo, provocadores.
Transformou perdas em força

A vida de Montessori não foi mar de rosas. Quando julga ter encontrado o grande amor de sua vida pessoal e profissional, através do Dr. Giuseppe Montesano, acabou por perceber que nem todos que sonham ao seu lado terão força para alcançar os objetivos. A imposição da época, dizia que a mulher jamais poderia ser médica, isso não foi capaz de impedi-la de prosseguir. Criou o método Montessori que deixa a criança pensar de maneira livre. Fugiu do regime fascista que fechou suas escolas em toda a Itália. Viu Hitler impedir seu método de continuar a existir na Alemanha Nazista. Perdeu a privacidade por ser antifascistas. Percebeu nos olhos de amigos a decepção por estar tão à frente de seu tempo, porém, jamais poderia deixar de acreditar na capacidade de seus alunos.
Da Itália para o mundo
Maria Montessori foi filha, médica, psiquiatra, mãe, pedagoga e humana em tudo que tocou. Oitenta e um anos bem vividos e um legado outorgado não apenas a Mario Montessori (1898 - 1982) seu filho, mas a todos os pedagogos e a todo ser humano que acredita não apenas em um amanhã melhor, mas no melhor que pode ser dado hoje.
Do continente em forma de bota para o mundo, em particular para aqueles que acreditam na força do bem, ainda mais quando esse bem tem como finalidade: as crianças.
Não há espaço para dúvidas em relação à determinação e intenção de Montessori, em mudar a sociedade em que estava inserida, e se possível todo o mundo. Que os ensinamentos da cristã Montessori, nos encoraje a acreditar em cada criança que será o adulto de amanhã.
“As pessoas educam para a competição e esse é o princípio de qualquer guerra. Quando educarmos para cooperarmos e sermos solidários uns com os outros, nesse dia estaremos a educar para a paz.”
Que a exemplo dos ensinamentos de Maria Montessori que todas as pessoas percebam que as crianças de hoje serão os adultos do amanhã.
Parabéns a todos os professores que semeiam esperança no mundo!
Por Vanusa da Silva
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